quarta-feira, 2 de abril de 2014

Imundo

Uma tarde de cochilo. Acordei atordoada.

Não que tenha sido muito diferente de outras caídas de sono que tenho acostumado ter. 

E esse era exatamente o problema... 



Sempre a mesma sensação, sempre o mesmo pesar. 
Sonhos, vividos de uma forma tão real.
Coisas que tenho ignorado com tanta facilidade desde a minha infância.


Desde sempre lembro por ser um pouco atormentada pelos meus sonhos.

Mortes, fugas, desespero, medo, tristeza, lutas e um lugar imenso e sujo. Era sempre um lugar diferente, mas sempre o mesmo lugar.



Nesta tarde, me recuperar deste sonho tem sido um processo tão quanto devagar que o usual. 
Minha mente estava confusa, sentindo-se um tanto quanto iludida.
'Eu faço parte mesmo deste mundo?'


E aquela teoria que um dia me disseram, e a considerei um tanto quanto absurda, infestou minha mente: Estamos vivendo a realidade? Ou somos apenas fruto de nossa imaginação?
Comecei a analisar sonho por sonho, os quais pude lembrar...

Lembro me bem da sensação de correr, fugir, procurar por respostas, tentar salvar vidas, evitar de ser morta, viver com todas as forças, amar com todas as esperanças... E em todos os sonhos nunca houve um real final. Um final em que me mostrasse enfim morta, ou enfim traçado meu objetivo.

Absorta em pensamentos, passei a criar uma história sobre uma outra versão de mim mesma. Minha original, talvez.

Em um mundo ao meio do caos, infestada de grandes descobertas tecnológicas e de pessoas amedrontadas, a desigualdade social era imensa. Acovardados, escravos... Os humanos guerreavam em base de uma força maior, a força que haviam a muito tempo lhe tirado as esperanças: o medo. Alguns, por medo de perder a luxúria de suas vidas, outros por terem suas vidas roubadas no próximo segundo. Toda a evolução tornou-se uma arma potente para as guerras, a tecnologia, a inteligencia, até mesmo a própria ignorância e a ingenuidade.
Mas ainda haviam alguns, que lutavam pela sua liberdade. Ou talvez, o que buscavam alí, não era algo assim tão grandioso. Era apenas a própria sobrevivência.


Muitos refugiavam-se para a própria morte, porém, aqueles enfraquecidos e devastados pelo mundo, mas que não eram capazes de abandonar as crenças de um outro, entregaram-se a tecnologia. Se entregaram à um mundo onde pudessem criar lembranças, diferente destas, criar uma vida em que suas preocupações não fossem nada além de um continuo cotidiano universal. A fome, a doença, eventuais mortes, as roupas, as pessoas... E deixar o imundo mundo onde viviam.
A questão é, que isso tudo for realmente real. A original eu, não seja exatamente eu. Talvez nem se chame Stephany. Talvez todo os sonhos que tenho são fragmentos de minha vida real em outro mundo, e o que tenho vivido é na verdade um sonho, e o que acredito ser um sonho seja a minha realidade. Talvez o que vivemos aqui não se passa de uma mera distração aos seres desistentes de um outro mundo, onde buscavam a paz e amor que criaram aqui. Talvez essa outra eu, esteja preocupada que eu tenha desvendado todo o mistério dessa máquina que produz sonhos, medo de que eu possa tomar atitudes para voltar ao mundo 'real'...
Ou talvez isso tudo que tenho escrito seja uma ficção qualquer para justificar uma forte sensação que tenho encarado em meus sonhos há anos. E não exista este outro mundo, e não exista essa outra eu. 


Apenas a imundice desse mundo.
Que tem nos envolvido cada dia mais.


Talvez esses sonhos, não sejam apenas outras vidas. Ou outro mundo.
Seja apenas, uma previsão de um futuro não tão distante.


stephyemi ainda não descobriu os mistérios por trás de seus sonhos.

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