sexta-feira, 6 de maio de 2011

KARMA

Todo mundo tem um Karma, todos.
As vezes não apenas um. E mesmo que você não tenha conhecimento ele esta logo aí ao seu lado, dentro de você ou sobre a sua cabeça atormentando-o diariamente ou certos momentos importantes de sua vida.
E sim, meu Karma me levou a escrever uma postagem sobre Karma. E o meu Karma - que alias não é apenas um - para os olhos de alguns, não é considerado exatamente um Karma, mas pra mim tem sido um enorme estorvo pra minha vida adolescente e até mesmo adulta - que poxa, já tenho 17 anos! Um pé para minha vida de maioridade!
Deixando o mistério de lado, o meu tão odiado Karma é: Ser japonesa & cidade pequena.
Sim, exatamente. Eu sei, eu sei, deve ter inúmeros japoneses lendo minha postagem e fechando a janela agora mesmo ou ao menos devem estar me xingando mentalmente - o que eu realmente não me importo - ou aqueles(as) que devem estar pensando: Mas porque? Japoneses(as) são tão lindinhos(as) com aqueles olhinhos puxados, são inteligentes e possui uma ótima genética física tanto para pele e os cabelos.
E olha, eu realmente aprecio nossa fisionomia - tirando o de ser baixinha, porque essa parte foi pego bem pesado na minha família - apesar de minha pele não ser aquela coisa, porque provavelmente tenho algum problema hormonal para ter uma pele tão oleosa - dá pra fritar um ovo! E não é por falta de cuidados higiênicos ou pessoais. Ah, e outra: Eu não sou inteligente. Também porque nunca fiz questão alguma de me sobressair sobre a sala ou qualquer tipo de coisa intelectual, sempre fui muito ligada à arte e era nisso que eu me dedicava e era no que eu queria ser admirada. E fui. Não por muito tempo, mas os tempos foram bons enquanto duraram. Enfim, voltando ao assunto do Karma... Minha cidade é (muito)pequena - em torno de 9000 habitantes, pra menos - e possui um clube japonês que reúne todas as 82famílias japonesas do município. Apesar do número de pessoas japonesas aparentar ser consideravelmente alto, todos nós nos conhecemos. Somos quase uma família, não sabemos necessariamente o nome ou a idade de cada um, mas sabemos pelo que se passa na vida deles(e como!). Devido à isso, em casamentos ou festas de aniversários chegam à reunir 300pessoas por festa, porque convidar todos do clube acabou se tornando uma tradição, e quem não respeitá-la as vezes pode ser condenado por boatos e ofensas.
E é isso que tem me atormentado meus últimos anos, eu não sou nenhuma anti-asiático -até porque minhas atrações se baseiam em maior número sobre eles ainda, é um karma, arg - mas meus melhores amigos sempre costumam ser, digamos, brasileiros - com uma mistura aqui e ali, mas nomeados de brasileiros - e meus pais não conseguem acompanhar o ritmo de uma filha adolescente que largou as tradições japonesas da minúscula cidade: indo a eventos budistas, acompanhando os jogos do time japonês, assistindo as apresentações culturais japonesas ou fazendo presença em aniversários que ao menos sei o nome da pessoa!; para ter uma vida comum de qualquer adolescente. Sim, tem uma enorme diferença. Eu tenho aceitado meu pré-meditado-destino durante todos esses 17 anos: fiquei na minha festa de formatura apenas até as 11 horas da noite, na unica balada que fui na minha vida (digo balada mesmo, não em festas de aniversários ou casamentos) meu pai ficou esperando de carro fora da danceteria, não posso passar o dia na cidade dos meus amigos, não posso comemorar o carnaval, não posso ir em eventos sem um acompanhante adulto de minha família e ontem mesmo minha mãe me proibiu de ir na festa de aniversário do meu melhor amigo! SIM, ESTOU PUTA DA CARA COM ISSO E NÃO CONSIGO ACEITAR!
E olha, não estou julgando ninguém, mas talvez tudo mundo.
Eu não queria dizer que eles tem preconceitos, mas eles têm. Nós damos um passo pra fora daquele lugar, falamos uma besteira, compramos uma roupa diferente, andamos com uma pessoa que não conhecem e tudo se torna motivos para sermos julgados e criticados, achando que a forma que estão vivendo é um exemplo de vida. E todo esse julgamento estimula meus pais à nos guiarem a uma "vida correta": presa dentro de casa, estudando e trabalhando. Ao menos pensam na probabilidade de abrirem as mentes e formarem uma idéia própria mais flexível.
"Japoneses honestos e talentosos." Eu abandonaria todos esses malditos rótulos apenas para ser uma pessoa qualquer desse Brasil. Por mais ruim que essa idéia possa parecer, eu abandonaria.




stephy revoltada com paparazzi & sem fama.


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